Ria de Aveiro

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Estado de Protecção: ZPE e SIC Natura 2000; Sítio Ramsar (Pateira de Fermentelos); Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto. LTsER, ICOS (PT), LW ERIC (PT – PORBIOTA)

Ria de Aveiro

A Ria de Aveiro é uma laguna costeira de baixa profundidade, localizada na região Centro de Portugal. A laguna, com cerca de 11,000 ha, resultou do recuo do mar e da posterior formação de cordões litorais passando a integrar o estuário do Rio Vouga, cuja bacia hidrográfica tem cerca de 3 362 km2. Trata-se de uma região sócio-ecológica complexa integrada na Rede Natura 2000, que apresenta uma grande variedade de biótopos de elevada diversidade biológica, nomeadamente o plano de água da laguna, praias, pradarias marinhas “moliço”, sapais, lodaçais e bancos de areia, vegetação ripícola, dunas, lagoas naturais como a Pateira de São Jacinto e a Pateira de Fermentelos e por pequenas propriedades agrícolas ladeadas por sebes vivas (paisagem do tipo «Bocage»).

A Ria de Aveiro compreende três domínios de ecossistemas aquáticos (dulçaquícola, águas de transição e águas marinhas costeiras), as interacções e interdependências dos processos aquático-terrestres e os serviços prestados pelos ecossistemas.

O território abrangido pela Ria de Aveiro localiza-se maioritariamente na região biogeográfica mediterrânica, encontrando-se o extremo norte da laguna na região biogeográfica atlântica. O clima caracteriza-se pela influência do oceano Atlântico, que confere atributos de temperado marítimo, e por fortes chuvas e temperaturas sazonais, com um período quente entre Julho e Setembro, e um período frio entre Dezembro e Fevereiro.

Dos três domínios aquáticos, o sistema dulçaquícola inclui a confluência do rio Vouga com a laguna costeira, o Baixo Vouga Lagunar, e a Pateira de Fermentelos. O Baixo Vouga Lagunar apresenta três unidades de paisagem: o «Bocage», os campos agrícolas abertos (grandes parcelas agrícolas sem vegetação arbórea) e as zonas húmidas, essencialmente de caniçal.

A Pateira de Fermentelos, classificada como sítio Ramsar, é uma das maiores lagoas naturais de água doce da Península Ibérica, descrita frequentemente como um alargamento do rio Cértima, um efluente do rio Vouga. O sistema de águas de transição corresponde ao sistema lagunar Ria de Aveiro que liga a bacia hidrográfica do rio Vouga (responsável por cerca de 80% da sua fonte de água doce) ao Oceano Atlântico através de uma única entrada, a Barra, sendo o seu hidrodinamismo forçado essencialmente pela acção das marés.

A riqueza biológica deste sistema deve-se sobretudo à presença de pradarias de Zostera noltei e de um dos maiores sapais contínuos na Europa (composto por inúmeras espécies, entre as quais a Spartina maritima ou o Juncus maritimus). O sistema de águas marinhas costeiras corresponde à massa de água adjacente à laguna, que se encontra sob influência do sistema de afloramento costeiro do Atlântico Norte da costa ocidental da Península Ibérica. O afloramento costeiro, com forte ressurgência sazonal, especialmente no Verão, é particularmente relevante para os pequenos pelágicos.

Valor Natural e de Conservação do Local

Como parte integrante da Rede Natura 2000, a Ria de Aveiro é uma Zona de Proteção Especial (ZPE), incluí várias áreas classificadas como Sítios de Importância Comunitária (SIC), a Pateira de Fermentelos é classificada como sítio Ramsar e as Dunas de São Jacinto como reserva natural. Muitas espécies estão protegidas por convenções internacionais, tais como a Directiva Aves e a Directiva Habitats.

As zonas húmidas costeiras, quer dulçaquícola quer sob a influência da acção das marés, possuem valor natural de conservação pela biodiversidade associada e pelos serviços prestados, nomeadamente na regulação do clima, do ciclo hidrológico e dos ciclos biogeoquímicos, com destaque para o ciclo do carbono, designado de carbono azul, para além dos serviços de aprovisionamento e culturais. No caso da Ria de Aveiro, acresce o valor da conectividade entre os três

domínios aquáticos, particularmente importante para a enguia europeia que é uma espécie com estatuto de proteção: em perigo.

Valor Sócio-Económico

O território abrangido pela Ria de Aveiro inclui 10 municípios (Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro, Ovar, Vagos), com uma população residente de 356 386 habitantes, de acordo com os dados preliminares do último censo.

As principais atividades económicas pertencem aos sectores industrial e de serviços. Contudo, para a população local, a agricultura e a pequena pesca, incluindo a apanha de mariscos e de isco para a pesca e a aquacultura, constituem ainda recursos sócio-culturais economicamente importantes.

O capital natural do território da Ria de Aveiro, a biodiversidade e a panóplia de serviços e bens prestados pelos ecossistemas, são essenciais para o bem-estar humano e para o desenvolvimento da região.

O contexto político e legislativo em que a Ria de Aveiro está inserida é complexo, possuindo uma elevada variedade de entidades e agentes envolvidos na sua governação.

Ameaças ao Sistema

A Ria de Aveiro, como sistema lagunar, encontra-se num estado de conservação de razoável a bom. Contudo algumas medidas de gestão têm conduzido a alterações na ecohidrologia do sistema, das quais se destacam o aumento prisma de maré, o aumento da velocidade da água e a resultante erosão das margens da laguna, o aumento da turbidez e a fragmentação de habitats, colocando sob ameaça as pradarias de Zostera noltei e os sapais de Spartina maritima e de Juncus maritimus, assim como os bens e serviços associados.

O incremento das pressões antropogénicas nas áreas costeiras, em particular as alterações climáticas e a presença espécies exóticas com comportamento invasor, constituem um desafio acrescido à gestão integrada da Ria de Aveiro, que requer uma abordagem transdisciplinar e adaptativa.

Realizações

PORQUE É QUE ESTE CASO-PILOTO É IMPORTANTE

Como e que tipo de investigação é efectuada neste sítio

A plataforma LTsER Ria de Aveiro realiza determinações em contínuo de temperatura do ar, humidade e de radiação PAR através de uma estação meterorológica e realiza determinações em contínuo de parâmetros físico-químicos do sistema de águas de transição através de um observatório autónomo. A análise do estado ecológico das massas de água é complementada com campanhas periódicas que acompanham os ciclos de maré e incluem vários locais do sistema. A variedade de biótopos, principalmente no sistema aquático das águas de transição, são monitorizados periodicamente e a flora e fauna associadas mapeadas, com especial destaque para as espécies invasoras. As pradarias marinhas assumem particular importância, estando em curso ações de recuperação destes habitats prioritários.

Na última década os projetos de investigação desenvolvidos no âmbito da plataforma LTsER Ria de Aveiro são de carácter transdisciplinar e, nesse sentido, têm contado com a participação ativa dos atores chave, não só da região, mas também de entidades a nível nacional, para o co-desenvolvimento de cenários de gestão adaptativa recorrendo a modelos de base SIG.

A Ria de Aveiro representa uma região biogeográfica atlântico-europeia e foi selecionada como um Caso Piloto para recolher dados e informação in situ, e para testar o enquadramento desenvolvido no âmbito do RESTORE4Cs à escala local. Investigadores da Universidade de Aveiro e outros parceiros do projeto realizaram campanhas de trabalho de campo de três em três meses durante um ano. As taxas de armazenamento de C e as trocas de GEE (particularmente dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O)) e a sua captação são medidas sazonalmente, durante a maré alta e baixa, em pradarias de ervas marinhas da Ria de Aveiro de diferentes estados: preservadas, alteradas e restauradas. Os dados recolhidos sobre o armazenamento de C e as emissões de GEE serão associados ao estado de conservação (preservado/ alterado/ recuperado) das zonas húmidas da Ria de Aveiro para ajudar a determinar o seu papel na dinâmica do carbono. Estes dados, complementados por meta-análises, são utilizados para alimentar e calibrar modelos conceptuais e quantitativos desenvolvidos no âmbito do projeto, para extrapolar para escalas superiores e prever a resposta do armazenamento de C das zonas húmidas e da redução das emissões de GEE às acções de restauro.

Em última análise, os dados e informações obtidos a partir das campanhas de campo na Ria de Aveiro, e nos outros 6 Casos-Piloto, contribuirão para melhorar o conhecimento sobre o estado das zonas húmidas e o seu potencial de restauração, para compreender a sua capacidade como sumidouros de carbono ou fontes de GEE, e para analisar o grau em que as abordagens de restauração de zonas húmidas são afectadas por diferentes cenários de alterações climáticas. As zonas húmidas da Ria de Aveiro servirão de prova para retirar conclusões (upscaling) e ferramentas à escala da UE, permitindo chegar a uma tomada de decisão comum relevante para a política de recuperação de zonas húmidas a nível pan-europeu (zonas húmidas naturais, planícies aluviais e turfeiras).

Uma lagoa costeira pouco profunda situada no centro de Portugal, com cerca de 11,000 ha.

Investigações a longo prazo que abrangem o funcionamento dos ecossistemas, o ciclo biogeoquímico, a biodiversidade, a prestação de serviços ecossistémicos, a pressão antropogénica, a modelização ambiental e o impacto das alterações climáticas.

Dados que facilitam a tomada de decisões comuns relevantes para a política de recuperação de zonas húmidas a nível pan-europeu.

As alterações climáticas constituem um desafio acrescido para a gestão integrada da Ria de Aveiro.

As informações obtidas nas campanhas de trabalho de campo contribuirão para melhorar o conhecimento sobre o estado das zonas húmidas e o seu potencial de recuperação.

Principais documentos científicos

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actores locais

galeria

pessoal envolvido

Ana Isabel Lillebø

Principal Reseracher, Project Coordinator

Patrícia Lito

Science and technology manager

João Pedro Coelho

João Pedro Coelho

Assistant Researcher – Case study team leader

Ana Sousa

Ana Sousa

Assistant Researcher

António Nogueira

António Nogueira

Full Professor

Bruna Oliveira

Bruna Oliveira

Researcher

Heliana Teixeira

Heliana Teixeira

Assistant Researcher

Dionisia Mendoca

Dionísia Mendoça

Science Manager and Communication Researcher

Timeline

02/10/2023 – 06/10/2023

1st Sampling Campaign

20/05/2024 – 24/05/2024

3rd Sampling Campaign

2023 - 2024

04/03/2024 – 08/03/2024

2nd Sampling Campaign

29/07/2024 – 02/08/2024

4th Sampling Campaign